Esses dias eu vi uma charge no Twitter que buscava explicar a questão dos “Privilégios”. De um lado, tinha um menino branco, rico, com uma família estruturada. Do outro tinha um menino imigrante, pobre e criado só pela mãe.
Os quadrinhos vão se passando mostrando uma vida confortável e cheia de vantagens (melhores escolas, universidades etc.) e do outro uma vida cheia de privações e dificuldades. Até que no final, está uma cena onde aquele que nasceu rico está de terno em um jantar luxuoso e a criança que nasceu pobre está como garçom servindo uma taça de champanhe a ele.
É inegável que existem privilégios em relação à renda dos seus pais, o país que você nasceu, a sua genética etc. São coisas que não podemos mudar, não temos nenhuma culpa ou mérito por elas, pois foram impostas independente da nossa vontade.
E penso que devemos enquanto sociedade buscar da melhor maneira possível equalizar as oportunidades para que todos possam competir em condições de igualdade para, a partir daí, crescerem de acordo com o próprio mérito.
Mas meu objetivo aqui não é entrar na polêmica da discussão sobre privilégios (White Privilege, Male Privilege etc.) e sim compartilhar uma reflexão que me ocorreu ao terminar de ver a charge.
Meritocracia
De início, ela faz muito sentido, pois quem tem mais vantagens tem condições de chegar mais longe. Entretanto, eu parei para pensar sobre as pessoas mais bem-sucedidas que eu conheço: CEO de Banco, Reitor de Universidade, Grandes Empresários, Executivos etc. e percebi que todas elas, sem exceção, tiveram uma infância extremamente difícil.
Um teve que sustentar os 9 irmãos quando era adolescente, outro já estava na rua vendendo picolé para ajudar em casa aos 8 anos, outro tinha que caminhar todos os dias 10km de ida e volta em estrada de terra para ir à escola…
Por outro lado, em minhas palestras em escolas e universidades, vejo muitos jovens que nasceram em “berço de ouro”, têm tudo a seu favor, mas são extremamente rebeldes e acabam caindo para as drogas, a depressão e até o suicídio.
Muitos pais, justamente por terem passado essas dificuldades, caem armadilha de dizer: “Meu filho não vai passar por tudo que passei”, e acabam criando crianças frágeis e jovens totalmente despreparados para a vida adulta.
Um arquétipo exagerado só para ilustrar aqui seria aquele adolescente rebelde de 14 anos que manda em casa, é revoltado com tudo e provavelmente continuará a ser sustentado pelos pais até os 40 anos… Um dia, porém, cedo ou tarde, ele terá que colocar o Currículo debaixo do braço, procurar emprego e encarar a dura realidade da vida real fora dá abóboda de proteção de seus genitores. E aí, a queda poderá ser muito grande…
Portanto, sem intenção nenhuma de polemizar, deixo aqui esta reflexão sobre a importância de não apenas amarmos nossos filhos com todo nosso coração, mas também de prepará-los para a vida futura. É nosso dever e responsabilidade enquanto pais – e eu agradeço muito os meus pais pela educação que me deram.